Monday, November 2, 2009

Ridícula marcha para Jesus

Hilário. Acabo de ler na Folha de São Paulo que a "marcha para Jesus", organizada pela Igreja Renascer em Cristo, já reúne 500 mil pessoas em São Paulo e que a organização do evento espera 5 milhões de pessoas até o fim do evento. O objetivo desta marcha, segundo os organizadores (entre eles o casal Hernandes) é "expressar a comunhão dos cristãos e da fé em Jesus Cristo"... Espera-se mais de 500 caravanas de diversos estados e até mesmo de outros países.
Que se f*** contrabando de dinheiro para os EUA, ou teto de igreja que desaba e mata diversas pessoas.... O importante é pagar o dízimo para garantir um "cantinho no céu" - enquanto eles garantem mansões aqui na Terra - e quem paga o dízimo nem é chamado para um churrasquinho.... HA HA HA!!!
Tem idiota para tudo nesse mundo mesmo. Nem quero ficar escrevendo muito sobre esse assunto... acho que todos compartilham da minha opinão. Revoltante!

Choque de absurdo

Continuando com a crítica de que os brasileiros perdem tempo normatizando coisas desnecessariamente, vou escrever a respeito dos novos plugues e tomadas – pauta gentilmente solicitada por uma amiga do meu trabalho. Para ela e muitos outros (eu incluido, obviamente), essa padronização da tomada passa dos limites.

Ok, tenho e confesso que a idéia não é das piores. E que o propósito da padronização das tomadas e plugues no Brasil é minimamente honrável: segundo o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), o objetivo maior é trazer a segurança ao consumidor. O novo plugue irá impedir que as pessoas encostem nos pinos ao conectarem os aparelhos elétricos na parede e, a inclusão do terceiro pino, garantirá o pleno funcionamento do fio terra. As novas tomadas passam a ser obrigatórias a partir de 2010 e o país concluirá todas as etapas do processo de criação de um um padrão brasileiro de plugues e tomadas em 2011.

Segundo Gustavo Kuster, chefe da Divisão de Programa de Avaliação da Conformidade do Inmetro, o Brasil tem hoje mais de 12 diferentes tipos de plugues e oito de tomadas. Com a adoção do padrão brasileiro, o mercado passará a ter apenas dois tipos de modelos de plugues: com dois ou três pinos redondos (o terceiro sendo o fio terra, para aparelhos como microondas e geladeiras).

Apesar de todos os prós expostos acima, ainda tenho minhas críticas. Antes de tudo, assim como disse no post da reforma ortográfica, parece-me que quem realmente sairá ganhando com essa padronização dos plugues será as fábricas de adaptadores de tomada e também dos espelhos de tomada. Será outro lobby? (….). Afinal de contas, sinceramente, quantas pessoas vocês conhecem que já tomaram choque ao conectar algum aparelho na tomada? Eu, pessoalmente, não conheço. Tem que estar muito distraído ou ser débil para tomar choque assim….

Alguém já havia de fato notado e se preocupado quanto as diferentes tomadas e plugues que temos no Brasil? Isso também é outra coisa que nunca me preocupou e tão pouco ouvi pessoas reclamarem a respeito. Aliás, nem sabia que tinhamos tantas possibilidades de combinações de plugues vs. tomadas – são, no mínimo, 96 combinações aleatórias – hahahaha – 12 * 8 = 96 (não necessariamente combinações que funcionem, ok…. Concordo!).

O que é revoltante é saber que no mundo há padrões de plugues, tomadas e, o Brasil, “estrelinha” que é, resolveu adotar um modelo apenas seu. Por que não seguir algum outro padrão existente? Pelo menos haveria uma chance de aproveitamento de alguns aparelhos que já possuimos. E também facilitaria as empresas que importam produtos – uma vez que suas plantas da China, por exemplo, não teriam que se adaptar para produzirem produtos com plugues exclusivamente ao Brasil.

O fato é que poucos irão reformar suas casas para se adaptarem ao novo modelo de tomada. A nova tomada será algo presente apenas em novas construções. A grande maioria irá apenas comprar dezenas e dezenas de adaptadores, para conseguirem conectar novos aparelhos comprados no Brasil às antigas tomadas (continuando assim com o risco de tomarem choques). Saliento dizer que os adaptadores serão necessários para os produtos comprados no Brasil, pois os diversos eletrônicos que compramos no exterior poderão continuar usando as antigas tomadas…. Mas o fato de eletrônicos custarem aproximadamente um terço nos EUA em relação aos preços praticados no Brasil – o que faz com que o brasileiro compre muitos eletrônicos no exterior – é tema para outro post…… impostos no Brasil é uma vergonha e passa dos limites.

Wednesday, October 28, 2009

Quero reforma política, não ortográfica.

Após muitos comentarem a respeito da simpática figurinha que coloquei no topo direito do meu blog, resolvi escrever a respeito da reforma ortográfica da língua portuguesa.

Antes de tudo, meus sinceros agradecimentos a Marina, quem gentilmente me cedeu imediatamente tal figura. Confesso que não hesitei em colocá-la em meu blog, pois sou totalmente contra esta reforma ortográfica. Essa idéia (com acento agudo!!!!) é rídicula e, em minha opinião, passa fácil o limite do bom senso.

Desde primeiro de janeiro deste ano, passou a vigorar em todos os países que adotam a língua portuguesa como a oficial (países membros da CPLP), um período de adaptação e transição para as novas regras ortográficas. A partir de 2013, apenas a nova regra será aceita como correta. Diz-se que o motivo para tal reforma ortográfica foi a promoção da união dos países que têm o português como língua oficial – a partir de uma “padronização” da mesma. Não sei exatamente se há outro(s) motivo(s) (oficiais) justificando essa reforma ortográfica. Pelo menos no site da Academia Brasileira de Letras não consegui achar nada mais a respeito.

Para mim, faz muito mais sentido dizer que essa reforma ortográfica foi um lobby dos que ganharão com novos livros didáticos, dicionários e etc. do que realmente uma genuina preocupação com a normatização da língua.

Sinceramente, desde quando países estreitam suas relações pelo simples fato de adotarem a mesma língua como oficial? Qual a importância econômica, política e social que Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe têm (com circunflexo!!!) para o Brasil? Não menosprezando-as, mas….. Entendo que a língua portuguesa apresente algumas diferenças aqui e em Portugal – mas nada a ponto de impedir a comunição, seja oral ou escrita, entre um nativo de lá e um brasileiro. E mesmo que houvesse dificuldades – qual o problema? A língua é algo dinâmica e está em constantes adaptações, principalmente na língua falada.

Aliás, eu pessoalmente já acho incrível como em um país de extensão territorial de grandeza continental como o Brasil consiga manter coesa a língua de todos os seus cidadãos. Lógico que há regionalismos, mas nada que chegue a caracterizar um dialeto, digamos assim. Isso por sí só já não seria o suficiente? Precisamos mesmo alinhar o português escrito daqui com os dos outros países da CPLP? Eu não vejo razão para isso.

É triste ver como o Brasil que tem tantos outros problemas de muito mais relevância e urgência, mesmo assim, faça com que a máquina do seu governo dedique tempo para projetos como este. Dedicar esforços e verba para garantir que sua população tivesse educação de qualidade para garantir que todos fossem alfabetizados, tivessem compreensão textual e falassem de forma correta, mesmo que com a antiga regra ortográfica, já seria mais do que o suficiente. Aliás, não seria mais do que sua obrigação.

Como sempre digo, não sei por qual razão ainda me surpreendo com o Brasil e seus “magníficos” avanços. Talvez seja porque sou “brasileiro, e não desisto nunca” de me surpreender. Um país que tem um presidente que tem uma expressão oral lastimável, só poderia ter mesmo uma população que fala precariamente e logo escreve da mesma forma. E escreverá menos corretamente ainda a partir de 2013, pois mesmo os atuais letrados passarão a cometer alguns erros (deliberadamente ou não).

Tuesday, October 27, 2009

Marina Silva

Saindo um pouco do mote de que tudo tem limite, tomo a liberdade de escrever um post a respeito, do que eu imagino, ser um caso de sucesso e superação de limites, no bom sentido. Os que me conhecem sabem que sou um tanto apolítico e, que se tivesse que ser partidário, com certeza, seria do partido anti-PT. Poderia ficar aqui por horas e horas, linhas e linhas, escrevendo as razões pelas quais sou contra o PT – mas acho isso desnecessário: primeiro porque todos sabem das cagadas do PT (pelo menos as que saem na mídia) e segundo porque prezo pela minha saúde, e tenho certeza de que ficaria extremamente irritado, nervoso e enojado ao ter que ficar escrevendo sobre o PT.

Recentemente tivemos o anúncio da saída de mais um político da legenda do PT, alegando diferenças de agendas/condutas. De dentro da escória dos “companheiros” do PT, a ex-ministra do meio-ambiente, e atual senadora pelo estado do Acre, Marina Silva, saiu e agora sendo esta filiada ao PV. Vou dedicar este post a falar um pouco sobre essa brilhante pessoa, em minha opinião – sem a intenção de fazer campanha em prol de sua candidatura à presidência, por favor!

Digo que Marina é brilhante, pois sua origem é o esteriótipo do brasileiro que está fadado a ficar à margem da sociedade. Ao mesmo tempo, um exemplo de vida para os que almejam e lutam para que suas vidas melhorem. Pessoas com muito mais, fizeram/fazem muito menos do que ela. Nasceu em uma família desfavorecida, no final da década de 50, em uma cidade a 70 km de Rio Branco, Acre, e trabalhou com o pai desde cedo no extrativismo de borracha nos seringais. Aos 14 anos, sem frequentar escola, a única coisa que sabia eram as quatro operações matemáticas básicas – para que não fosse enganada pelos proprietários dos seringais no momento da pesagem e venda da borracha extraída por sua família. Com 15 anos, praticamente exercia função de matriarca da família, uma vez que sua mãe falecera e havia se tornado a irmã mais velha de 8 irmãos. No ano seguinte, contraiu hepatite e foi forçada a ir para a cidade em busca de serviços médicos. Acabou ficando no centro urbano, trabalhando como empregada doméstica. Nessa época sonhava em seguir a vida religiosa, visando aos estudos nas escolas da igreja – as melhores da região – idéia que foi descartada anos depois.

Começou então a freqüentar as aulas do Mobral, e um pouco antes dos 20 anos conseguiu tirar o diploma do supletivo do segundo grau. Com alguns contra-tempos, incluindo nova hepatite, demorou mais alguns anos para ingressar na faculdade. Em quatro anos concluiu o curso de história na faculdade federal do Acre. Nesta, Marina iniciou seu engajamento político, participando de grupos semi-clandestinos que eram oposicionistas ao regime militar.

Aos 36 anos, Marina foi eleita senadora pelo estado do Acre – sendo a mais jovem senadora eleita no Brasil e com a expressiva porcentagem de 42.77% dos votos do estado. Como ministra, fez importantíssimas reformas na estrutura da pasta que comandou – melhorando sinergia entre diversas secretarias e, de fato, aperfeiçoando o processo de licenciamentos ambientais e diminuindo o desmatamento da floresta Amazonica. Sempre tendo em vista a busca por um desenvolvimento econômico sustentável.

Para maiores informações de suas realizações desde o início de sua carreira política, favor acessarem a biografia em seu site:
http://www.senado.gov.br/web/senador/marinasi/biografia.asp
Fonte também das informações deste post.

No último dia dez, Marina Silva recebeu em Mônaco o prêmio Mudanças Climáticas, oferecido por uma fundação do Príncipe Albert II. Esta premia pessoas e instituições que atuam em favor do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável.

Citando ainda sua página, termino este post:

“A biografia de Marina Silva fez com que ela fosse escolhida pelo jornal britânico The Guardian, em 2007, uma das 50 pessoas em condições de ajudar salvar o planeta. Mas sua lista de premiações e reconhecimentos nacionais e internacionais é longa. Entre muitos outros, ela recebeu o prêmio "2007 Champions of the Earth", o maior prêmio concedido pelas Nações Unidas na área ambiental. No dia 29 de outubro de 2008, a senadora recebeu das mãos do príncipe Philip da Inglaterra, no palácio de Saint James. em Londres, a medalha Duque de Edimburgo, em reconhecimento à sua trajetória e luta em defesa da Amazônia brasileira - o prêmio mais importante concedido pela Rede WWF. Em junho de 2009 recebeu o prêmio Sophie, por seu trabalho em defesa do meio ambiente, oferecido pela fundação norueguesa Sophie, criada pelo escritor norueguês Jostein Gaarder, autor do best seller O Mundo de Sofia”.

Isso sim é uma bibliografia digna de uma pessoa que pretende se candidatar à presidência de um país (não estou entrando no mérito se é capaz, ou se é a mais capacitada dentre os candidatos!). Ao contrário da que temos do nosso atual presidente, que diz ter feito e aprendido com a “faculdade da vida”……

Ah! E não se esqueçam de visitar o blog de minha amiga Milena – umas das pessoas mais engajadas em questões do meio ambiente que conheço pessoalmente. Link ao lado direito, blog Nosso Planeta.

Novo curso superior: gari

No fim da semana passada a Folha de São Paulo noticiou que o concurso público para a seleção de garis para a cidade do Rio de Janeiro já atraiu 45 candidatos com doutorado, 22 com mestrado, 1,026 candidatos com nível superior completo e 3,180 com superior incompleto, segundo a Companhia Municipal de Limpeza Urbana. Estes candidatos estão pleiteando um emprego no qual trabalharão 44 horas semanais, com sálario de R$486.10 por mês, mais ticket alimentação de R$237.90, vale transporte e plano de saúde. No entanto, vale lembrar que a seleção dos candidatos é feita através de testes físicos e não por grau de escolaridade.

É vergonhoso que um trabalhador brasileiro, com uma jornada de trabalho de 44h semanais ganhe míseros R$486.10 mais benefícios. Mais vergonhoso ainda saber que este valor, por incrível que pareça, é maior do que o nosso chamado salário “mínimo” - mas não vou aqui entrar no mérito da discussão do valor do salário mínimo, pois isso seria tema suficiente para outro post. Essa notícia me deixou mais irado pelo fato de que em nosso país, pessoas com nível superior, mestrado e até mesmo doutorado veêm uma oportunidade melhor de trabalho numa vaga de gari (seja por opção ou por falta de opção) a exercerem suas profissões de formação.

Não quero, de forma alguma, desmerecer o trabalho dos garis. E tão pouco acho vergonhoso uma pessoa se submeter a tal trabalho. Se estivessemos em um país onde o bem-estar da população fosse prioridade do governo federal, que o wealth da população em geral fosse de altíssimo nível, e que mesmo o emprego de gari garantisse condições decentes de vida, não me estranharia ver pessoas com nível acadêmico respeitável buscando uma vaga de gari. Entretanto, a realidade é totalmente oposta. Parece palhaçada um país onde há pessoas com nível superior varrendo ruas enquanto o cargo executivo máximo do país é ocupado por um cidadão que mal sabe falar e que não tem nível superior. Tudo tem limite.

Friday, October 23, 2009

Rio 2016


Tudo a ver com meu post anterior...

Thursday, October 22, 2009

Banana e Café com leite

Eu não sou e cada dia mais acho que nunca serei um patriota. Não acredito no Brasil. Pronto. Falei.

Alegria de brasileiro é coisa pouca mesmo.

Vivemos numa república da banana com políticas de pão e circo até hoje. Eu me explico: só no Brasil mesmo para termos um carnaval na praia de Copacabana em pleno mês de Outubro durante um dia da semana. Isso sem contar o povo todo sambando feito macacada por todo um fim de semana – o próximo ao dia da semana que já também houvera carnaval. Que dia esse? Dia 2 de Outubro - o dia em que Pelé e milhares de outros brasileiros choraram, e o Brasil foi anunciado como a sede das olimpíadas de 2016.

Na reta final da corrida pelo posto de sede das olimpíadas de 2016 estavam apenas quatro cidades: Tóquio, Chicago, Madrid e a chamada cidade maravilhosa. Dizia-se, em suma, que a favor da candidatura do Rio havia o grande apoio popular dos brasileiros, o fato do Brasil já ter sediado os jogos pan-americanos e em breve a Copa, e o fato de os jogos ainda não terem sidos sediados na América latina. E acho que este último conjuntamente com propósitos políticos foram os fatores importantes para a escolha do Rio de Janeiro como o vencedor da disputa.

Como justificar que o apoio popular no Brasil fora fator decisivo para a escolha do Rio tendo em vista que os espanhóis também apoiavam a candidatura de Madrid? E por que norte-americanos pouco se comoveram com a candidatura de Chicago (Obama até foi embora de Copenhagen antes da apuração), e os japoneses até mesmo reprovavam a candidatura de sua capital? Eu não acredito que seja pelo fato desses países já terem sido sede de uma competição olímpica (o que tiraria os seus ânimos), e sim porque seus povos são mais instruídos e que têm coisas mais importantes para se preocuparem e fazerem a ficarem na praia em plena sexta-feira durante o dia fantasiados, bebendo e sambando.

Já dizer que para o Brasil era uma vantagem ter sediado os jogos pan-americanos e futura Copa, para mim é um argumento um tanto quanto ingênuo. Primeiro porque a Copa ainda não ocorreu e, por isso, ainda não podemos contar isso como uma vantagem: quem disse que a Copa será um sucesso por aqui? E como comparar a experiência de sediar um campeonato que envolve muito menos modalidades e que conta com a participação de apenas um continente com a experiência dos outros três candidatos de já terem sediados jogos olímpicos de verão e alguns até mesmo de inverno? São incomparáveis, em minha humilde opinião.

E´ fato que o melhor projeto, tecnicamente falando, era o de Madrid. Não sou eu quem digo, são os especialistas. Eu nem me atrevo a opinar a respeito da qualidade dos projetos. Mesmo porque assumo minha ignorância no assunto e confesso que tão pouco fui atrás de informações a fim de tentar auferir minha própria opinião. Tratando ainda dos projetos, tive ainda que ouvir pessoas dizendo que o do Brasil era o melhor, “afinal de contas o orçamento do projeto brasileiro é o maior de todos os candidatos”. Calma la! Tudo tem limite e isso é passar do limite para mim. E´ óbvio que o orçamento brasileiro tem que ser o maior de todos: praticamente toda a planta olímpica brasileira ainda não passa de esboços no papel. Até mesmo o que temos, por exemplo, o Maracanã, precisa de grandes reformas. E outras construções, como a pista de ciclismo, recentemente construída para o Pan, simplesmente precisam ser destruídas e completamente reerguidas, uma vez que o que há não atende exigências do COI e/ou não comportam o publico do porte de uma Olimpíada. E entre o que já existe de concreto (em outros países) e o que poderá vir a ser (no Brasil), eu fico com o que já existe – independente se no oriente, velho continente ou nos EUA.

Ainda sobre a questão do projeto e orçamento, vale lembrar que os jogos pan-americanos no Brasil custaram R$3.7 bilhões – e que isso foi “apenas” 800% a mais do que o previsto. Para os jogos olímpicos, o Brasil tem um orçamento na casa dos 14 bilhões de dólares... Quanto será o montante que realmente teremos que desembolsar? Será esse dinheiro bem gasto? Eu sou da opinião de que não, e por diversas razões. Primeiramente, dificilmente o investimento irá retornar com o final do evento. As olimpíadas de 1984 em Los Angeles e a de 2000 em Sidney são exemplos concretos de onde os custos foram maiores que os retornos. Mas confesso que esse é um argumento que talvez faca sentido apenas do ponto de vista econômico estritamente falando. Afinal de contas, os benefícios e bem estar que as reformas trarão para a população durarão por muito mais tempo que apenas o aproximado um mês em que os jogos olímpicos irão transcorrer. Então, chegamos ao meu ponto: concordo que as reformas deixarão um legado à população e que esta terá incrementos positivos no seu bem estar. No entanto, quem é essa população? Majoritariamente os cariocas e ponto. Todo esse investimento previsto irá acelerar o desenvolvimento apenas de uma cidade, o que poderá comprometer o desenvolvimento do país como um todo, trazendo um efeito negativo no longo prazo. Não acredito que o Brasil, atualmente, possa se dar ao luxo de investir tanto em apenas uma cidade em detrimento de tantas outras.

Não sei porque ainda me espanto de ver o povo brasileiro tão feliz apenas por ganhar o direito a sediar uma olimpíadas. Afinal de contas, um povo que elege, re-elege, dá uma boa avaliação para um presidente - que nunca sabe de nada - e que chora e que diz que o dia mais feliz de toda a sua vida foi na ocasião do Brasil ser selecionado para sediar os jogos olímpicos, tem que se contentar com pouco mesmo.

Espero, de verdade, que os jogos no Rio em 2016 sejam um sucesso e que isso sirva de vitrine do Brasil para o mundo – melhorando (ou seria mudando?) nossa imagem no exterior e trazendo novos investimentos. Mas duvido muito disso e, se meu natural pessimismo se concretizar, não teremos muito mais do que apenas um medíocre evento, que terá uma razoável avaliação da população mundial – afinal de contas, eles hão de nos avaliar levando em consideração que somos uma república da banana e apenas “café-com-leite”.